Quando se fala ou se pensa no trabalho de um psiquiatra e o que ele mais trata, surgem logo na mente algumas palavras. Dentre as mais comuns estão: depressão, ansiedade, neuroses, psicoses. Sobre a ansiedade, falaremos em outra oportunidade. Detenhamo-nos na Depressão. É comum confundir esse estado psíquico com a tristeza.
Conteúdos do artigo:
Qual médico trata depressão?
Antes de falarmos sobre a depressão, é importante que você saiba que o médico capacitado para diagnosticar e tratar a depressão é o psiquiatra.
O Dr. Eduardo Gomes é médico psiquiatra atuante em Fortaleza e tem vasta experiência em diagnosticar e tratar pacientes com depressão.
Realiza um atendimento psiquiátrico humanizado e acolhedor, sem pressa, buscando entender o problema do paciente e a melhor forma de tratá-lo.
Currículo:
- Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC)
- Residência Médica em Psiquiatria pelo Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) – UFC
- Experiência em atendimento no sistema público (Centro de Atenção Psicossocial – CAPS) e privado
- Licenciatura em Física pela Universidade Estadual do Ceará (UECE)
São centenas de pacientes satisfeitos, com mais de 110 avaliações 5 estrelas do Doctoralia, além de avalição 5 estrelas também no Google.
Veja alguns depoimentos de pacientes reais do Dr. Eduardo:
Tristeza
Tristeza, como muitos estados psíquicos, é um conceito de delicada definição, posto que é preciso mais que palavras para apreendê-lo. Em suma, é preciso ter percebido, presenciado (na verdade quase tudo é assim, sendo a idéia mero corte abstrativo da realidade para podermos usá-lo depois com auxílio da memória e imaginação).
No entanto, há indícios na forma de sinais (aquilo que nossos sentidos captam em linguagem não verbal – um rosto desfigurado, decaído, uma lágrima, um descuido, uma distração e até uma irritação) e sintomas (aquilo que quem está triste expressa em linguagem verbal – a pessoa fala, diz: a cadência ou ritmo da voz, conteúdo catastrófico, de mágoas, amarguras e rancores, decepções, frustrações, arrependimentos, remorsos – coisas que não dá para saber se o sujeito não disser que está sofrendo).
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Como quase tudo no universo da razão, pode-se graduar em três partes (afinal, por ser razão, trata-se de medida) de modo que essa tristeza, emoção básica, pode ser entendida como uma pequena, média ou grande tristeza. De modo que uma tristeza não pode ser igualada a algo mórbido, doentio de pronto.
Alguém pode ficar levemente triste, por exemplo, por diversos motivos: uma contrariedade qualquer, seu time perdeu, recebeu um carão, seu videogame, televisão ou carro quebrou, sua roupa rasgou, seu sapato furou etc. Essa diferença de gradação é muito sutil e mutável, e isso para a mesma pessoa. Uma tristeza que pode começar pequena pode, tal qual um dimmer (regulador de “luz” num interruptor), evoluir para uma mais intensa. Tudo vai depender do que vai aumentar esse dimmer.
Afinal, a tristeza é apenas um dos vários e vários estados de humor que temos. Ela varia em intensidade e ela é uma variação dos nossos estados de humor. O humor triste é um dos dois principais critérios para diagnosticar depressão (o outro é o desânimo: redução do interesse ou prazer).
Já sabemos, com isso, que tristeza não é igual a depressão (o que é sempre uma grande dúvida e confusão). O humor triste é um estado de humor. Aí você pergunta: e o que raios é humor?
Humor
Todo mundo já ouviu as expressões: “está de mau humor”, “está de bom humor”, “está radiante”, “está borocoxô”, “está de lundu” (essas duas últimas são comuns no Ceará).
O humor, ao pé da letra, pela origem, significa “algo que preenche algo”, um fluido, um líquido, que toma e dá a forma para aquilo que preenche. Daí vem a expressão humor vítreo, o líquido que preenche os olhos que parece um vidro; humores corporais (algo fluido que preenche os corpos que lhes dão as formas).
Mas aqui queremos saber o que é humor psíquico (algo que preenche essa tal psique, que não iremos definir, mas que percebemos sua presença, sua existência).
Se pudéssemos “pintar” o humor, isso nos facilitaria muito a vida. E é até comum que se associe cores a esses estados de humor. Exemplo: vermelho de raiva; verde de ciúme; branquinho de tanto medo; amarelo sol de tão feliz; aura escura ou cinza de tristeza.
Um bom filme que lança mão dessa idéia tão universal e conhecida é o desenho animado “Divertida Mente”, embora os personagens coloridos, cada um representando um estado de humor, estejam dentro da garotinha do filme. Assim fica mais fácil entender o humor triste, o primeiro grande critério para o diagnóstico de depressão.
Mas, ainda insistindo nesse estado de humor, temos que dizer que para uma mesma pessoa esse humor pode variar. Essa variação é muito importante. Numa pessoa normal, o humor varia levemente durante as hora, os dias, as semanas (se nada chocante lhe ocorrer, claro). É como o gráfico abaixo:
Nesse gráfico, podemos ver que a flutuação do humor no tempo foi bem suave.
Já há eventos na vida que fazem o gráfico desse humor ir para baixo. É um humor rebaixado. Se somado a outros critérios (falta de ânimo, falta de interesse ou prazer, alteração do sono e/ou do apetite, irritabilidade aumentada, dificuldade de concentração, dificuldade no trabalho etc.), esse humor rebaixado configurará, na soma, a depressão que ganha esse nome justamente por causa dessa impressão de que tudo foi para baixo.
É comum o uso desses termos em outros contextos: depressão na bolsa de valores (o preço de tudo foi para baixo); depressão como acidente geográfico (os vales de rios, por exemplo). Aliás, é uma boa analogia comparar a “queda da bolsa” como uma depressão. Todos os “valores” (falta de ânimo, falta de interesse ou prazer, alteração do sono e/ou do apetite etc.) estão para baixo. O gráfico desse humor seria o seguinte:
Esse gráfico pode representar tanto somente a variação do humor triste como a própria depressão. Vimos que não são a mesma coisa. Uma pessoa, enfatizemos, pode vir bem em seu humor e acontecer-lhe algo como perder o emprego, passar por uma perda (como um luto), ou ainda enfrentar uma frustração e decepção.
Apesar do rebaixamento do humor, sem os demais critérios, sem um tempo de sofrimento e mesmo todo o prejuízo da continuidade do mesmo, não estará caracterizada a depressão.
Há dois gráficos semelhantes a esses que se confundem (que não são de modo algum iguais entre si), que não vamos explicar aqui. É o gráfico do humor de pessoas que variam demais o humor no mesmo dia (instáveis emocionalmente) e o gráfico de pessoas que têm TAB (Transtorno Afetivo Bipolar). Isso será conteúdo de outro texto (Doutor, acho que sou bipolar). Aproveitando a oportunidade, as definições de afeto e emoção serão abordadas nesse texto também. Confira.
Diagnóstico da depressão
Como já se pode ver, necessariamente, precisamos de outros critérios além do humor triste. Esses critérios para depressão podem, a groso modo, ser divididos em psicológicos e somáticos/físicos. Essa divisão dá uma ideia de causa. Podemos colocar como ideias de critério psicológico:
- Humor triste (já mencionado);
- Perda do interesse, da vontade, do prazer;
- Idéias de culpa, arrependimentos com remorso;
- Sensação de angústia;
- Baixa autoestima;
- Vícios mentais de autodepreciação, autossabotagem, procrastinação;
- Etc.
Já para alterações corporais, que são bem mais visíveis, são:
- Alteração do apetite (com emagrecimento ou ganho de peso);
- Alteração do sono;
- Agitação psicomotora ou lentificação psicomotora;
- Dores, vertigens, dificuldade para caminhar, alteração da digestão (estas principalmente em pessoas que somatizam muito seus estados psíquicos – transtornos somatoformes, com por exemplo as fibromiálgicas). Um esforço a ser feito é descobrir se é primária ou secundariamente físico ou se é primária ou secundariamente psicológico.
É importante frisar que um diagnóstico psiquiátrico é feito, na maioria das vezes, por exclusão. Sempre deve-se fazer uma pesquisa clínica e laboratorial para descartar causas puramente físicas. Por exemplo, é bastante comum que alguém esteja se sentindo muito mal, com grande mal-estar, algo que se arrasta há dias, uma sensação de desânimo, de apatia, desesperança etc., mesmo que a pessoa esteja bem com a família, com o trabalho, com dinheiro no bolso etc.
Uma quantidade baixa de vitaminas no sangue (hipovitaminoses), como da vitamina B12, disfunção da tireoide (hiper ou hipotireoidismo), doenças crônicas, anemia, ou mesmo deficiência de ferro ainda sem anemia instalada, dentre outras, pode justificar todo esse estado.
Tratamento da depressão
Com o já exposto, já se pode concluir que a Depressão, além de não ser mera tristeza, é um problema multifatorial, ou seja, várias coisas contribuem para que ela exista.
É por isso mesmo que é preciso uma boa avaliação de alguém experiente e habilitado, posto que pode ser algo simples (que nem precisaria de remédios) ou algo bem mais complexo (necessitando de uma ajuda multiprofissional – um psicólogo, o mais comum, um neurologista, um geriatra, um terapeuta ocupacional, um clínico geral, um nutricionista etc.).
Veja, se for algo simples e por um infortúnio o paciente cair nas mãos de um profissional acostumado a passar remédio para tudo, pode-se arranjar um casamento com uma droga cujo divórcio é difícil de fazer. Acontece muito com drogas tranquilizantes (receita azul) e estimulantes (receita amarela).
Por outro lado, descartar absolutamente o uso de psicofármacos é um ato no mínimo temerário, pois há pacientes que não só precisam muito da medicação, como precisam delas por longo tempo.
Depressão é um problema muito sério e gera um esforço coletivo e individual muito grande. O Brasil é recordista nesse problema, sendo um dos maiores consumidores de psicofármacos para tratá-la.
O tratamento nunca deve se basear somente em medicação. Assim como os critérios são físicos e psicológicos, os profissionais e a terapêutica e conduta também, na maioria das vezes, são específicos para cada problema.
Deve-se sempre reforçar que não existe a pílula mágica e que uma dose de esforço pessoal auxiliado deve ser feita. Para cuidar da mente e do corpo é preciso do concurso de psiquiatra, psicólogo, educador físico etc. Isso deve ser nauseantemente repetido pois é muuuuuito comum os pacientes acharem que uma só conduta irá resolver a sua vida.
Como por exemplo, a melhora foi tal que é comum que se diga “voltou a sair de casa e foi para a academia”, “voltou a cuidar da imagem e da higiene pessoal como antes”, etc. Isso é fundamental, pois um problema como depressão, que pode se arrastar por anos, cria raízes, cria todo um circuito cerebral de alimentação. Refazer essas estruturas, conquistar novos hábitos e até habilidades aproveitando a “atmosfera” química favorável é fundamental e inadiável.
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